A presidente Dilma Rousseff sancionou, nesta
quarta-feira (13), com vetos, a Lei da Repatriação, que regulariza os recursos
enviados por brasileiros ao exterior sem o conhecimento da Receita
Federal.
O texto da nova lei foi assinado no fim da tarde pela presidenta. Pelo menos
três dispositivos foram vetados. Um deles é o que permitia a regularização de
objetos enviados de forma lícita, mas não declarada, como joias, metais
preciosos e obras de arte. Outro dispositivo vetado é o que permitia a
repatriação de recursos em nome de terceiros ou laranjas, fazendo com que o
dinheiro esteja em nome da pessoa realmente beneficiada para que possa voltar
ao Brasil.
A Secretaria de Imprensa da Presidência da República ainda não divulgou o
teor completo dos vetos, nem a redação final da lei. O texto sancionado, bem
como as justificativa dos vetos, serão publicados no Diário Oficial da União
desta quinta-feira (14).
Aprovada pela Câmara dos Deputados em novembro e pelo Senado em dezembro, a Lei
da Repatriação é uma das medidas do governo para tentar reequilibrar as contas
públicas neste ano e financiar a reforma do Imposto sobre Circulação de
Mercadorias e Serviços (ICMS). A nova legislação regulariza, mediante pagamento
de imposto e de multa reduzida, recursos mantidos por brasileiros no exterior
sem declaração à Receita Federal.
Para atrair o dinheiro de volta ao país, a lei oferece incentivos para a
declaração voluntária de bens e de recursos adquiridos até 31 de dezembro de
2014 e mantidos ao exterior. Em troca da anistia de crimes relacionados à
evasão de divisas, o contribuinte pagará 15% de Imposto de Renda e 15% de
multa, totalizando 30% do valor repatriado. Sem a nova lei, o devedor teria de
pagar multa de até 225% do valor devido, além de responder na Justiça e na
esfera administrativa, dependendo do caso.
Originalmente, o texto estabelecia alíquota de 17,5% de IR e 17,5% de multa,
totalizando 35%. Durante as negociações na Câmara dos Deputados, tanto o
imposto como a multa foram reduzidos para 15%. De acordo com o texto aprovado
pelo Senado, metade do montante arrecadado com a repatriação será destinada a
dois fundos que compensarão os estados que perderem receita e investimentos com
a unificação do ICMS.
Durante as discussões no Congresso, o Senado estimou que a nova lei pode
resultar na arrecadação entre R$ 100 bilhões e R$ 150 bilhões nos próximos
anos. A quantia efetiva, no entanto, pode ser maior, já que os senadores
fizeram os cálculos com o dólar em R$ 2,66 – cotação em vigor no fim de
2014.
Também foi vetado o trecho da lei que permitiria o pagamento parcelado do
imposto e da multa devidos. Com o veto, os interessados em aderir à
regularização dos recursos não poderão mais parcelar em 12 vezes os valores
devidos, conforme previa o projeto aprovado no Congresso Nacional.
Como houve vetos ao projeto remetido à Presidência, os parlamentares deverão
analisá-los, decidindo se os mantêm ou derrubam. Para que um veto seja
derrubado, são necessários os votos de, no mínimo, 257 deputados e de 41
senadores.
Paulo Victor Chagas e Wellton Máximo – Repórteres da Agência Brasil
Edição: Nádia Franco
Fonte: Agência Brasil