Reforma do PIS e da Cofins será feita em três etapas
O governo vai fazer a reforma do PIS e da Cofins em
três etapas. A primeira mudança, que deverá ser enviada ainda este mês ao
Congresso, ocorrerá no PIS. Depois de um ano de teste com o novo PIS, será a
vez da reforma na Cofins. Numa terceira etapa, PIS e Cofins, contribuições que
financiam a seguridade social, serão unificadas num único tributo num modelo
muito semelhante ao Imposto sobre Valor Agregado (IVA) cobrado pelos países
europeus.
A ideia é fazer a reforma de forma gradual para a Receita Federal ter
segurança na calibragem das alíquotas e garantir uma simplificação ampla na
cobrança para a melhoria do ambiente de negócios no País. A intenção é
manter a carga tributária neutra. As alíquotas, no entanto, devem subir para
compensar o aumento dos créditos tributários que as empresas passarão a ter
direito.
O governo pretende dar seis meses para o novo PIS entrar em vigor, depois da
sua aprovação, de maneira que as empresas possam se preparar para a mudança do
sistema, segundo uma fonte da equipe econômica. O prazo é o dobro da chamada
"noventena" de três meses exigida para alterações na legislação de
contribuições federais.
O governo escolheu o PIS para começar a reforma porque é uma contribuição
menor do que a Cofins, o que evita riscos para a arrecadação com a mudança. A
proposta, que já está em fase final de elaboração, prevê a adoção do princípio
do crédito integral. Ou seja, tudo que a empresa adquiriu na etapa anterior
será objeto de crédito. Por exemplo, uma indústria que contratou o serviço de
uma empresa de consultoria em propaganda e marketing poderá creditar o valor
efetivamente pago na nota fiscal. Isso permite que o que foi pago de imposto na
etapa anterior seja efetivamente creditado.
No sistema em vigor não é assim. Hoje, os créditos são gerados apenas com a
aquisição de insumos e gastos voltados para a produção. É o caso, por exemplo,
da compra de papel para o escritório, que não é objeto de crédito. Mas, se o
papel for usado na produção, o custo é creditado. Esse modelo tem gerado um
contencioso enorme entre os contribuintes e a Receita, que rejeita boa parte
dos pedidos de restituição dos créditos do PIS e da Cofins. Isso acaba
ampliando as disputadas ações na Justiça. Hoje, há situações em que a empresa
paga uma alíquota e o crédito é em outra.
"O que for pago na etapa anterior será creditado na etapa seguinte. Se
tiver destacado na nota fiscal, será creditado. O que pagou vai compensar
quando vender", disse a fonte. O que governo quer é um tributo
"horizontal", com a mesma alíquota para todos os contribuintes.
Complexidade
O modelo atual é considerado um dos mais complexos no mundo, no qual um grupo
de empresas paga pelo sistema cumulativo, com alíquota de 3,65% (0,65% para o
PIS e 3% para Cofins), e outro não cumulativo, com alíquota de 9,25% (1,65%
para o PIS e 7,6% para a Cofins). Para compensar a ampliação dos créditos,
porém, as alíquotas do novo PIS e Cofins, subirão. Os valores ainda não estão
fechados. Também não está definido se a proposta será enviada ao Congresso por
meio de Medida Provisória ou projeto de lei.
A reforma pode gerar mudança de preços relativos na economia. Alguns preços
podem cair e outros subir em setores com cadeias de produção mais curta. O
governo, porém, considera precipitadas as críticas do setor de serviços à
proposta antes mesmo de o projeto ser anunciado. A avaliação é de que essas
empresas também poderão ser beneficiadas com a ampliação dos créditos. As
informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Estadão Conteúdo
Fonte: DCI