Câmara aprova terceirização, inclui responsabilidade solidária e mexe em tributos
Os deputados aprovaram
nesta quarta-feira, 22/4, uma emenda aglutinativa que, na prática, eliminou a
grande maioria de destaques ao PL 4330/04 e, assim, encerraram a votação do
projeto que amplia a terceirização no país. Como já previsto no texto-base, que
passou há duas semanas, as empresas privadas poderão contratar de terceiros
qualquer das atividades, inclusive aquelas consideradas atividades-fim. O placar
foi apertado, 230 a 203 votos. A emenda aglutinativa aprovada nesta
quarta – da lavra do relator do projeto, Arthur Maia (SD-BA) e do líder do PMDB,
Leonardo Picciani (RJ) – altera em diferentes pontos do texto original. Em
especial, reduz de 24 para 12 meses o período em que um ex-funcionário pode ser
recontratado como pessoa jurídica. Outro ponto importante é que a empresa
contratante terá responsabilidade solidária diante dos trabalhadores da
contratada – ou seja, serão tão responsável quanto a contratada no cumprimento
das obrigações trabalhistas e previdenciárias devidas.A emenda
determina, ainda, que nos contratos de terceirização não sujeitos à retenção na
fonte de 11% da fatura – essencialmente aquelas tradicionais ‘atividades-meio’,
de conservação, limpeza e vigilância – ou nos contratos que não envolvam a
substituição da contribuição previdenciária por um percentual do faturamento,
deverá ser retido o equivalente a 20% da fatura da contratada.Ainda no
terreno tributário, uma outra alteração reduz o recolhimento antecipado do
Imposto de Renda na fonte de 1,5% para 1% para empresas de terceirização dos
serviços de limpeza, conservação, segurança e vigilância. Outro ponto abre para
organizações sem fins lucrativos, fundações e cooperativas a possibilidade de
também terceirizar qualquer atividade. Finalmente, a emenda altera um
trecho onde o projeto menciona as relações sindicais. O texto-base já aprovado
anteriormente previa a filiação dos terceirizados ao mesmo sindicato da
contratante no caso de ambas as empresas pertencerem à mesma categoria
econômica. A emenda retira, porém, a necessidade serem respeitados os
respectivos acordos e convenções coletivas de trabalho.Com a aprovação
da emenda aglutinativa, caíram as votações de diferentes destaques ao projeto,
especialmente aquele que tentava alterar o principal ponto do projeto – ou seja,
a tentativa de impedir a terceirização ampla, limitando sua possibilidade às
‘atividades-meio’.Matéria,agora, vai para o Senado e lá deve sofrer
novas modificações. O presidente do Senado, Renan Calheiros, deixou claro que é
contra parte das medidas aprovadas na Câmara. "A terceirização não pode ser
ampla, geral e irrestrita. Isso é contra a Constituição", destacou. O tema
promete novos rounds, agora, no Senado. Se modificado, de fato, no Senado, o
projeto voltará à Câmara, uma vez que é uma iniciativa daquela
casa.*Colaborou Ana Paula Lobo e Agência Senado
Fonte: Convergência Digital