Precatórios podem ser fracionados para pagamento de honorários, decide STF
Por maioria de votos, o Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) negou
provimento ao Recurso Extraordinário (RE) 564132, interposto pelo Estado do Rio
Grande do Sul para tentar impedir que advogados consigam fracionar o valor da
execução de precatórios, de forma a permitir o pagamento de honorários por meio
de Requisição de Pequeno Valor (RPV), antes mesmo de o valor principal ser pago.
Os ministros entenderam ser possível a execução autônoma dos honorários,
independentemente do valor principal a ser recebido pelo cliente.
A matéria em discussão nesse RE – a possiblidade de fracionamento de execução
contra a Fazenda Pública para pagamento de honorários advocatícios – teve
repercussão geral reconhecida pelo Plenário Virtual da Corte em dezembro de
2007.
O recurso começou a ser julgado em dezembro de 2008, ocasião em que o
relator, ministro Eros Grau (aposentado), e os ministros Menezes Direito
(falecido), Cármen Lúcia, Ricardo Lewandowski e Carlos Ayres Britto (aposentado)
se manifestaram favoravelmente aos argumentos dos advogados e negaram provimento
ao recurso do RS, por concordarem que os honorários advocatícios são autônomos,
ou seja, não têm a mesma natureza do pagamento principal da ação e não precisam
ser vinculados a ele. Eles concordaram com o argumento apresentado pelos
representantes da categoria, no sentido de que o honorário advocatício não é
um valor que pertence diretamente ao cliente, e portanto não deve ser
considerado verba acessória do processo.
Já o ministro Cezar Peluso (aposentado) defendeu a tese de que o honorário de
um advogado faz parte, sim, da ação principal, dela sendo apenas acessória.
Segundo esse entendimento, o valor devido ao advogado não poderia ser destacado
do restante a ser recebido pela parte vencedora.
O julgamento foi suspenso por pedido de vista da ministra Ellen Gracie
(aposentada).
Fracionamento
O tema voltou ao Plenário na sessão desta quinta-feira (30), com o voto-vista
da ministra Rosa Weber, que sucedeu Ellen Gracie. A ministra decidiu acompanhar
o voto do relator, com base na jurisprudência pacífica no sentido do caráter
autônomo – e também alimentar – da verba em questão.
De acordo com Rosa Weber, a parcela é direito do patrono, sendo desprovida do
caráter acessório, por não se confundir com o direito da parte representada. Ela
frisou que exatamente pela natureza autônoma da verba, não se pode falar em
desrespeito ao artigo 100 (parágrafo 8º) da Constituição Federal, dispositivo
que veda o fracionamento do precatório.
Acompanharam esse entendimento, na sessão de hoje, os ministros Marco Aurélio
e Celso de Mello. Já o ministro Gilmar Mendes seguiu a divergência iniciada pelo
ministro Cezar Peluso.
Fonte: Supremo Tribunal Federal