Pacote inclui reabertura do Refis e desoneração em folha
A
base aliada do governo sinalizou ontem com a concessão de novos agrados ao
empresariado na reta final das eleições. Entre eles, a reabertura do programa do
Refis da Copa, o programa de parcelamento de débitos bancários, e a ampliação de
56 para 68 os setores beneficiados com desoneração da folha de
pagamentos.Essas medidas foram anunciadas ontem pelo relator da Medida
Provisória 651, deputado Newton Lima Neto (PT-SP), como itens que serão
incorporados em seu relatório da matéria, cuja validade termina somente em 6 de
novembro. Ele previu ainda ampliar a alíquota máxima para o Reintegra, programa
que devolve tributos sobre o valor das exportações de manufaturados.Como
uma das principais novidades, Lima Neto antecipou que vai negociar com o
Ministério da Fazenda condições mais favoráveis do que as incluídas na última
versão do Refis, que teve o prazo de adesão encerrado no dia 25 de agosto. O
prazo de um menos de um mês para adesão ao programa gerou protestos de advogados
e contabilistas.Durante audiência pública para debater a matéria, o
representante da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), Marcelo
Vieira, defendeu a inclusão de uma emenda na MP que permita que as empresas
tenham direito ao Reintegra mesmo utilizando um percentual maior de insumos
importados na fabricação dos seus produtos. Para ter direito ao Reintegra, a
empresa hoje pode usar no máximo 40% de importados. A Abiquim defende a
ampliação para 60%.O presidente da Associação Brasileira da Indústria de
Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Carlos Pastoriza, defendeu também a reabertura
do Refis sem a exigência de uma entrada de até 20%, como a do último programa ou
o parcelamento dessa parte inicial em até 60 meses. As novas condições do Refis,
segundo o relator, estão sendo negociadas com o ministério da Fazenda.O
relator disse que ainda não decidiu qual o novo teto que fixará para o
Reintegra. A MP prevê a devolução de 0,1% a 3% do valor exportado em
manufaturados. "Estamos discutindo qual seria o percentual mais adequado",
afirmou.O presidente da Comissão Mista que analisa a MP, senador Romero
Jucá (PMDB-RR), informou que marcará a reunião para 7 de outubro. "Temos um
prazo exíguo para essa medida provisória que perde o prazo 6 de novembro. Nós
temos nesse meio tempo o primeiro e segundo turno, em que nós teremos que votar
essa matéria aqui na Comissão e logo após no plenário da Câmara dos Deputados."
Jucá comentou que a MP é de extrema importância para a economia do País, pois
ajuda a desenvolver empregos e fortalecer a atividade econômica.Bandeira
da oposiçãoCom o sinal verde do governo para novos agrados aos
empresários, o relator da MP tirou uma bandeira que será empunhada pela oposição
em razão dos problemas registrados para a adesão ao Refis da Copa. Segundo o
deputado e empresário Laercio Oliveira (SD-SE), o grande motivo para a não
adesão das empresas ao refinanciamento de dívidas deste ano foi a modalidade de
refinanciamento proposta, onde as empresas que gostariam de regulamentar a
situação com o fisco deveriam dar uma alta porcentagem de entrada somada às
parcelas."Quem está em crise não possui um montante para dar de entrada.
Eu tive a oportunidade de conversar com diversos empresários e todos levantaram
essa mesma questão sobre a entrada", relatou o parlamentar ao
DCI.Segundo Laercio, o governo tem um papel importante para ajudar essas
empresas a saírem da crise, visto as altas cargas tributárias que
enfrentam."Essa crueldade do governo na taxação e esse Refis impossível
de se cumprir gera uma grande revolta nos empresários, principalmente nessa
época de tempos não muito bons para a economia brasileira",
admitiu.Retomada de veículosUma emenda à MP a ser acatada pelo
relator tratará das regras que facilitam a retomada de bens móveis, como
veículos, tratores e motocicletas. Essa medida foi anunciada pelo governo há
duas semanas dentro de um pacote para estimular o crédito no País. A ideia
atende uma reivindicação antiga dos bancos para facilitar o financiamento de
automóveis.Com a recuperação imediata do bem financiado em caso de
inadimplência. A mudança também fixará a responsabilidade do devedor pelo
pagamento de tributos, multas e taxas incidentes sobre o bem
alienado.Para evitar que a matéria não seja votada na comissão por falta
de quórum, Jucá usou um artifício legislativo. Em vez de encerrar a sessão de
ontem, apenas a suspendeu para dar continuidade no dia 7 de outubro. Dessa
forma, mantém o quórum da sessão original. A MP 651 também regulamenta a isenção
de ganhos de capital até 2023 com ações de emissão majoritariamente primária de
pequenas e médias empresas. Prorroga a vigência do incentivo tributário dado às
debêntures de infraestrutura ou incentivadas até 31 de dezembro de 2015.
Abnor Gondim
Fonte: DCI