Em uma medida inédita nos tribunais superiores, a ministra Nancy
Andrighi, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), passou a atender os advogados
por videoconferência. A primeira audiência pelo novo sistema ocorreu ontem.
Segundo a ministra, a nova forma de atendimento foi adotada para dar tratamento
igualitário entre as partes envolvidas no processo.
"O país é muito grande e a Justiça muito cara. A tecnologia permite que
uma pessoa nos confins do país fale comigo, veja seu julgador, ainda que não
tenha condições econômicas ou tempo", afirmou a ministra, responsável por
julgamentos de disputas entre empresas, familiares e de consumidores.
O advogado da parte poderá optar em ser atendido presencialmente ou por
videoconferência. Para isso, basta ter um Skype e ser o advogado registrado no
processo. Será necessário ainda enviar os memoriais sobre o caso 24 horas antes
da audiência.
O atendimento virtual segue o modelo adotado na Justiça Federal que utiliza a
videoconferência para colher depoimentos de testemunhas.
Participante do atendimento piloto no STJ, a advogada Patrícia Rios, do
escritório Leite, Tosto e Barros Advogados, afirma que, além de ser econômica
para o cliente, que não precisa custear passagens aéreas e hospedagem para o
advogado, a audiência virtual é mais dinâmica. "Como a ministra já havia
lido meus memoriais, enviados por e-mail, eu apenas respondi suas dúvidas sem
precisar me deslocar de São Paulo para Brasília", disse a advogada, que
defende um banco em uma ação de execução. A audiência durou dez minutos.
Por meio do sistema de informática do STJ, o gabinete da ministra já informava
os advogados sobre a realização de audiência com os defensores da parte
contrária. Mas isso ainda não era suficiente, segundo a ministra, por causa da
discrepância econômica e de localização das partes. "Não vai facilitar o
processo de decisão, mas vai me trazer o conforto de que estou tratando
igualmente as partes", afirmou. "As questões mais conflituosas e
emocionais estão no direito privado. Nós, juízes da área, não temos só que
resolver os conflitos, mas diluí-los. Ou seja, reatar laços. Isso só ocorre
quando partes se sentem iguais na defesa do seu direito", completa.
A adesão dos outros 32 ministros e desembargadores convocados do STJ às
audiências virtuais é incerta. "Não sei como eles procederão. Ainda não
comentei com eles", disse a ministra.
Bárbara Pombo - De Brasília
Fonte: Valor Econômico